Recordo as palavras de Francisco Seixas da Costa,
escreveu de
Aristides de Sousa Mendes--------------
"O tempo passa muito rapidamente. Em 2007, eu era embaixador no Brasil. Por cá, numa espécie de paroquial concurso da “Lusovisão”, houve a peregrina ideia de escolher “Os Grandes Portugueses”, por votação telefónica. Lá, do outro lado do Atlântico, chegaram-me ecos dessa disputa, a qual, como estava escrita nas estrelas destes certames, acabou raptada pela política de trincheiras.
Agarrei então na tecla e decidi escrever um artigo para o “Diário de Notícias”, a propósito de Aristides de Sousa Mendes, figura que se havia intrometido na guerra entre as “vedetas” que tinham polarizado a discussão. Só lhes posso dizer que esse gesto me valeu duas cartas e um telefonema, de três antigos colegas, todos escandalizados com o facto de eu ter ousado defender nesse artigo, o cônsul rebelde às orientações do “presidente do Conselho”. (Não me perguntem os nomes desses colegas, que o tempo já levou do mundo dos vivos, tanto mais que, como é amplamente sabido, eu tenho muito má memória para nomes, em especial para alguns que quero ter a caridade de esquecer - e ainda bem para eles!).
Há dois dias, cumpri um sonho: ir ver a casa da família Sousa Mendes, que morreu quase na miséria.
Passava por acaso numa estrada, vi a placa Cabanas de Viriato, e dei lá uma “saltada” que me fez ganhar o dia, que até ia triste.
Aqui fica a fotografia dessa casa, que, por muitas décadas, esteve em ruinas e em risco de desaparecer e que hoje, felizmente, está recuperada.
E, já agora, aproveito para reproduzir esse tal meu artigo de 3 de fevereiro de 2007 no DN, que tinha o título “A Honra do Convento”:
"...talvez o surgimento do nome, Aristides de Sousa Mendes, entre Os Grandes Portugueses possa significar que há que não perder completamente a esperança de que, na memória coletiva do País, possa vir a sobreviver alguma dimensão ética, ao lado dos clichés politicamente corretos da nossa História e das notas caricatas dos radicalismos contemporâneos de sinal contrário.
Um tanto mais corporativamente, eu diria que fica também salva, desta forma, a honra do convento de Nossa Senhora das Necessidades.“
A ler: “A Honra do Convento”
Texto de Francisco Seixas da Costa
por Francisco Seixas da Costa - 2
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